7.8.12

SONHANDO NUMA MONTANHA-RUSSA

Vira e mexe tenho sonhos cinematográficos, com enredo, roteiro e elenco bem definidos (e locações um pouco duvidosas, é vero). Não raro acabo postando alguns deles por aqui. Mas o de hoje tava mais para o 'novo cinema', destes com roteiro fraco, 'cromaqui' e efeitos especiais de tirar o fôlego! Uau! #not

Eu tava não sei com quem (o elenco não faz muita diferença ness e tipo de filme) e, no susto (a pitada de aventura), ia parar na tal montanha-russa que era o último assunto nas redes sociais (um pouco de realidade pra você se sentir parte do filme). Ela não ficava em um parque (dose de surrealidade), mas no meio da cidade mesmo, envolta por viadutos. Era como se eu tivesse pego um táxi e... ooops! Isso é uma montanha-russa???? E ela vai desc..EEEEEEEEEEEEERRRR???? - gritei descontroladamente enquanto despencávamos, em uma quase queda livre, de uma altura onde era possível ver os vários helipontos espalhados pela cidade.

Mas não pensem vocês que esse foi o ápice da cena digna de exibição em sala 3D. Não mesmo!

Já lá embaixo, seguindo em altíssima velocidade, o carrinho fez a curva e simplesmente saiu dos trilhos! Na hora, pensei: ‘Bem que falaram que dava a sensação de que o carrinho ficava solto no ar’. Até que notei que a distância durante o ‘vôo’, de fato, era de uns 100 metros (o.O). Quando achei que ia morrer, clact! O carrinho voltou a se encaixar nos trilhos e o silêncio total (que até então eu não tinha percebido) foi substituído pelo som da metrópole e suas buzinas de um trânsito caótico, mesclado a uma música eletrônica com samples de game (Velozes e Furiosos e Speed Racer #feelings). E assim foi uma sucessão de curvas, vôos, silêncios, batidas eletrônicas, coração saindo pela boca. Até que, já habituada à situação e convencida de que não ia morrer, eu começava a observar melhor como aquilo funcionava: era uma espécie de imã gigante, com um poder de atração idem, que não permitia que o carrinho saísse do campo magnético (perdoem se eu tiver falando merda). Mesmo que a distância entre o carrinho-táxi e os trilhos fosse grande, estes últimos tratavam de ‘sugar’ o veículo de volta à sua origem. Não é genial? =D

Eu até pensava em sacar o celular e fazer um vídeo, mas temia ficar sem o aparelho (ah, vá!). Já em terra firme e indescritivelmente encantada com a experiência, estava na casa dos meus pais contando tudo e caçando um vídeo no Youtube de quem tivesse tido a coragem de empunhar seu smartphone, num ato nobre de compartilhamento (Oh!), mas era em vão.

E então, na hora de dormir (Inception!), ficava fazendo analogias daquela geringonça (que insulto!) com o mercado digital e a publicidade, das possibilidades, das ideias, das execuções, dos custos, de gerar experiências, do acreditar, ir lá e fazer... Mas antes de qualquer conclusão, acabei dormindo do lado de lá...

...e acordando desse lado aqui: a vida real, de altos e baixos, numa metrópole caótica. E longe de qualquer campo magnético que me faça andar nos trilhos. ;)

 
* Postado originalmente no Facebook em 07.08.12

7.11.11

Meu mundinho virtual

Indo embora.

Uma última passagem pela minha timeline no Facebook e... Eita! Não escrevi nada hoje, só postei fotos! Aproveito então para uma última olhadela na (abandonada) página no Twitter: instaclicks pra cá, check-ins pra lá... Bléh! Quem liga?

E eu que achava que a mobilidade me facilitaria 'não perder' o conteúdo de conversas alheias ou registrar em tempo real os devaneios sobre situações cotidianas, que tendem a virar fumaça segundos após surgirem, acabei perdendo esse olhar sobre o mundo todo e mirando num mundinho que é todo meu.

E já adianto: tô gostando não!


 
* Postado originalmente no Facebook em 07.11.11

13.10.11

Steve Jobs, minha avó e a vela virtual

Minha irmã ficou sabendo da morte do Steve Jobs na manhã do dia seguinte, pela minha avó: "Mulher, tu viu aí o homem que morreu, aquele dos computador? Era muito do inteligente, né? Nem fez faculdade e inventou aquilo tudo, aquelas coisas todas de ficar passando o dedo pra lá e pra cá igual o que a Cieide tem".

Achei engraçado e fofo, daí ontem resolvi colocá-la para interagir com a 'coisa de passar o dedo pra lá e pra cá', ativando o aplicativo da vela. "Sopra vó!". No meio da diversão, ela me solta:

- Então é isso que o padre fala no rádio, de vela virtual?
- ?!?!?
- É, o padre fala na rádio que a gente pode entrar lá naqueles negócios de www e acender a vela virtual que também vale, é a mesma coisa.

Preciso aprender mais com a minha avó...


*Postado originalmente no Facebook

27.9.11

Estava o rato em seu lugar...

FILOSOFEIDES...

Saindo da agência topei com um rato na calçada. Cinco segundos frente a frente foram o suficiente para que decidíssimos quem tinha mais medo um do outro. Eu ou ele. Ele, coitado, que imediatamente iniciou sua procura desesperada por um buraco no qual pudesse se enfiar. Sem muito a fazer, só pensei uma coisa: bobinho!

Afinal, bastava um único passo dele em minha direção para que eu saísse gritando pela rua, escalando um poste ou me estatelando com um dos carros que passavam em alta velocidade. Mas o pobre nem se deu conta disso. Ou nem se deu o tempo de pensar nisso.

Então continuei caminhando e cheguei à conclusão de que essa história gera tema pra muita coisa:

Livro de auto-ajuda
"Você é do tamanho da sua coragem."

Revista de Negócios
"A concorrência tem pontos fracos, saiba como encontrá-los."

Palestra de Marketing
"Seu concorrente tem medo de você?"

[qq emissora aqui] Repórter
"Os perigos de agir por impulso: é preciso dar tempo ao cérebro para que ele assimile o perigo real"
(com voz de Sérgio Chapelin ou Paulo Henrique Amorim)

Revista Masculina
"Jogo da sedução: avance uma casa e a gata vai subir até em postes!"

Revista Feminina
"Ajude o gato a superar o tamanho P e não fugir mais de você."

Palestras para calouros em faculdades
"Você é um homem ou um rato? Aprenda a se preparar para o mercado de trabalho."

Usuários no Facebook
"Se você também já teve seu caminho cruzado por um rato, uma barata ou um rinoceronte albino do Himalaia, cole isso no seu mural."

 
* Postado originalmente no Facebook em 26.09.11

22.9.11

TUTS TUTS vs. TIPÁF, TIPÁF

Ir pruma balada de gente que tem 2/3 da sua idade qdo vc não está com paciência, não é legal...

Situação 1
Tocando drum'n'bass. Chega um cara pega sua mão e te gira.
- Desculpe, isso não é dança de salão.
- Mas EU faço a dança.
- Sim, faz a sua, e sozinho, me deixa.
- Mas eu sou o rei da dança!
- Que bom pra vc, me deixa!

Situação 2
- Oi!
- Oi!
- Como vc chama?
(tentando dançar) - Lu
- Oi, Lu! Prazer!
- ...
Após pausa: - Tudo bem?
(tentando dançar) - Tudo.
Após pausa: - Curtindo o som?
(tentando dançar) - É.

E o semancol passou a agir. ;)

Situação 3
O cara cruza com vc com olhar de garoto propaganda e faz um joinha. Vc repete o gesto e a expressão e segue em frente. O amigo vem logo atrás e diz:
- Ele faz Malhação!
- Desculpa, passei da idade de assistir.
- =/


Tolerância zeeeeero!!!!!!!!


* Postado originalmente no Facebook em 04.09.11

Se isso não é falar mal, porran...

No busão, pra variar, ouvindo conversa alheia. No caso, um "monólogo" ao celular. Assunto? Colegas de trabalho. Seguem os trechos:

"Aquela puta velha colocou botox. Precisava ver os beiço da bicha como tava inchado!"

"Mas como pode, uma pessoa que ela chamava de aberração da natureza, ele sabendo disso, voltar pra ela?"

"Eu falei pra ele ficar com a língua dentro da viola! Avisei que quem fala demais dá sopa pro cavalo, né?"

"Olha, mulher, Deus e meu bondoso senhor que me perdoe, porque não sou de falar mal das pessoas, mas aquela piranha... Aquela piranha de banheiro... Ela que me aguarde na 2a feira..."


* Postado originalmente no Facebook em 16.09.11

Coitado do porteiro...

Tem uma mulher na portaria falando mais que o homem da cobra (como diz minha avó) sobre uma cirurgia que algum parente fez.

O porteiro, coitado, foi a vítima escolhida para o desabafo. E em meio à tagarelice compulsiva da tiazinha ele balança a cabeça positivamente, várias vezes, enquanto faz esforço pra manter abertos os seus olhos traidores.

Não fosse a mulher, ele estaria cochilando, como de costume, até que eu interfonasse.

Pobre dela que não tem alguém mais atencioso para conversar. Pobre dele por não poder obedecer ao relógio biológico. Pobre de nós a essa hora no facebook, =P


 
* Postado originalmente no Facebook em 21.09.11

21.7.11

Calmante

Ligou a TV e ficou assistindo "A Fazenda", na Record, enquanto aguardava "O Astro" na outra emissora. Paralelamente trabalhava em um PPT, ao mesmo tempo em que folheava uma revista sobre cinema. "Devia mesmo ter feito cinema", lamentava-se durante o processo de repensar a vida. E então, subitamente desejou jogar tudo para o alto, aproveitando-se do Dia do Amigo para convidar os seus melhores a viverem um road movie da vida real com ela; jogar a mochila num carro e partir para o mundo!!! Com um sorriso discreto e olhar maroto, baixou o volume da TV, largou o lap e levantou-se rapidamente, rumo à porta e à decisão mais certeira daquele momento. "Dim dom!", insistiu a campanhia. A sua pizza de chocolate acabava de chegar.

(DE CONTA, Faz. TPM, sua linda. Qualquer lugar no mundo: Ed. Mensalidade Indesejada, 1900 e bolinha)

5.7.11

Tirando o pó do blog...

Só o pó.
Nos objetos ainda largados na casa antiga.
Nas lembranças guardadas ao longo da vida.
Na casquinha de já cicatrizadas feridas.
Só o pó.
Pópará de drama! Pó levantar da cama! Pó sair do pijama!
Pópará de acreditar que ele ainda te ama!
Só o pó da rabiola.
E a poeira tomando conta da vida...

8.2.11

Vai entender!

(...)

E ontem eu sonhei com você
e acordei vontade de dar.
De te dar:
um beijo ou um tapa na cara!
De me dar.
Como se você quisesse...
Mas não quer,
(mas um dia quis!)
e eu é que ainda quero:
esquecer
que
você
existe.

(...)

(DE CONTA, Faz. "Rir pra não chorar". São Paulo: Editora Dordecot Ovelo, 2011. pág.302)


10.8.10

(3 dias depois...) Meu pai: um fofo!

Meu pai sempre foi muito fofo. E muito antes dessa palavra ter o significado que tem hoje.

Eu o achava fofo porque, ao invés de me dar colo, ele me dava um barrigão inteiro pra eu me ajeitar confortavelmente nas longas viagens de ônibus que fizemos durante a minha infância. Ele era fofo porque falava que eu não deveria ficar acordada até tarde, mas a
o sair de casa, rumo ao trabalho, me prometia um chocolate na volta, me "obrigando" a desobedecê-lo. E com gosto!

Ele era fofo porque me levava ao centro da cidade (shopping? existia isso?) para olhar a fonte, correr atrás de pombos, comer 'coxinhas do mal' em botecos 'duvid
osos', sempre sob um alerta bem importante: "Não conta pra sua mãe!". A gente ria junto e eu ficava achando que tínhamos um segredo. Sequer imaginava que ele era cúmplice dela, a minha mãe, e não meu!

E eu só não o achava tão fofo quando ele dava carta branca pros meninos 'chegarem' em mim, nas festinhas de primos e vizinhos. Os garotos já vinham dize
ndo "Oi, dança comigo? Seu pai deixou!". Oi?!? Ou então quando, em certo Dia dos Namorados, sondou minha mãe sobre um possível 'bônus' na minha mesada: "Vai saber se ela não quer comprar um presente pro namoradinho...". Oi?!? Meu pai era um fofo, mas não entendia nada de meninas de 11 anos...rs.

(...)

O tempo passou e ele ainda tem a mesma barriga, mas agora sou eu quem chega tarde em casa. As guloseimas fora de hora ainda são uma marca dele, mas e
u vou sozinha ao centro da cidade (shopping? o que é isso mesmo?). Foi-se o tempo dos bailinhos, da mesada e da cumplicidade entre ele e minha mãe (...).

Mas só um pai TÃO FOFO! pra guardar por mais de 20 anos minh
as melhores declarações de amor no Dia dos Pais!






Te amo, Juquinha!







22.6.10

Cotovelos

(...)

Faltava pouco para a sessão começar. Entrou na sala, já lotada, e desceu as escadas à procura de uma poltrona livre. Conseguiu um lugar lá na frente, quase na 'fila do gargarejo', como disse um senhor à sua esposa, sentado na fileira ao lado.

- Você guardando esse lugar pra alguém?
- Não... Fica à vontade!

Ele tinha um sorriso maroto, cabelo desgrenhado e barba por fazer.

Ela sentou-se, desligou o celular, sacou sua garrafa de água de dentro da bolsa (artifício para amenizar sua tosse)e se ajeitou confortavelmente.

O perfume dele era bom, a risada era gostosa. E os cotovelos ali, roçando.

(...)


(DE CONTA, Faz. "Aumenta mas não inventa!". São Paulo: Editora Nonsense, 2010. pág.930)


8.6.10

Sem créditos, sem post!

Em algum dia da semana passada peguei o ônibus depois do trabalho e fui direto me sentar lá atrás, num daqueles bancos altos próximos à porta. No banco do fundo, um cidadão ao celular:

- Ah, mas você é fresca pra caralho! Vai tomar banho, ôu!
(Eu começo a ouvir e a 'participar' a partir daí)
- Pô, é só uma picadinha, meu!
(Eita! Pico na veia? Não... deve ser a vacina H1N1...)
- No dia que você fizer na canela então, você vai é morrer do coração! Hehe...
(Ah, ele tá falando de tatuagem! HAHAHAHAHAH)
- Hum... Sei... No lugar onde a Dani fez a dela?
(Eita! Onde será que a tal Dani tem uma tatoo? E ele já conferiu das duas? Hahahahah, mente fértil!)
- E vai me dizer que você vai mostrar pro seu pai... Cê tá é louca! Péra aí... péra aí, péra aí, vai acabar meu crédito, vai acab...
(tu, tu, tu...)

1.6.10

Vim dizer "Oi" e "Tchau"

Se você faz parte dos poucos que nos lêem sempre, deve estar pensando "Ih, lá vem ela dizer que vai parar de escrever de novo, e bla-bla-blá". Rá! Te peguei! Desta vez não. Eu diria até que muito pelo contrário!

Após exatos 5 meses sem escrever, eu e as meninas chegamos à conclusão de que eu, Publicieide, preciso deixar o espaço livre para que elas possam continuar escrevendo. Sim, estou falando sério!

Como se já não bastasse eu tomar o tempo delas na "vida real", desde que surgi não fiz outra coisa senão atrapalhar também a vida virtual. Fui, de longe, a que menos contribuiu para o blog, embora talvez, dadas as circunstâncias em que fui "criada", fosse a que mais tivesse conteúdo para compartilhar com vocês.

Na verdade, acho que o que me torna diferente das outras meninas aqui do blog é justamente a minha necessidade de descarregar coisas em tempo real (a caixa de email dos amigos que o diga!). Por exemplo, se um dia foi dito aqui
que havíamos perdido a Tepeêmica para o Twitter, hoje posso dizer com segurança que estamos todas lá! E digo mais: estou quase roubando o microblog só pra mim! #prontofalei

E justamente para que isso não aconteça, chegamos a um consenso de que eu deveria criar um espaço só meu, onde pudesse ir além de um tweet, mas não necessariamente gastando horrores do meu corrido tempo em longos posts. E daí que eu descobri o Tumblr, me encantei com a dinâmica da coisa e tô me mudando pra lá! (ok, ainda estou aprendendo a mexer, mas uma hora 'eide' dominar, rs).

Não tenho como agradecer às meninas pela oportunidade que me deram aqui no Necessidade de Escrever (especialmente à Espiral, que foi quem me fez o convite e cedeu o espaço). Mas, como dizem por aí, é chegada a hora de partir para "novos desafios" (#morri).

Você poderá continuar lendo os textos delas - Baladeira, Espiral, Tepeêmica e Faz-de-conta - aqui no Necessidade de Escrever. E, quando bater uma saudade de ver o staff completo, escrevendo junto, follows us no twitter! \0/

E eu fico esperando sua visita na minha nova casa: Tagarelice ADigital, um espaço para descarregar minhas inquietações sobre algumas coisas que leio, ouço, vejo, penso ou me inspiro, tentando linkar, de um jeito beeeem despretensioso, com o universo das marcas e da publicidade.

É isso aí, pessoal! #beijomeleia
http://tagareliceadigital.tumblr.com/



31.12.09

"Cabelo quando cresce é tempo..."

Assim cantava Gal. Pois é, há tempos eu tô querendo cortar o meu. Pra falar a verdade era pra ter sido antes do meu níver, mas não rolou. Era pra ter sido antes da 'festa da firma', mas não rolou. Era pra ter sido antes da apresentação do TCC, mas não rolou. Antes do Natal, antes do Reveillon... Enfim, ficou pra depois. Depois que tivesse grana, depois que tivesse tempo, depois que descolasse um Edward Mãos de Tesoura disponível. Depois.

Mas na verdade eu sei que tudo isso é desculpinha para o fato de eu não saber direito que cabelo eu quero pra 2010. Sim, porque corte de cabelo é algo que te acompanha por um tempo e, sendo assim, tem que ter muito a ver com você (ou, em alguns casos, com o que você quer que pareça que tenha a ver com você, rs).

Eu era uma garota 'séria' e eles eram compridos e escuros (virgens!). Virei a 'baladeira' e eles foram tingidos de vermelho. Então, ficaram curtos (e mais vermelhos) porque eu era designer. Ficaram mais curtos e voltaram a ser escuros (com luzes vermelhas), fazendo a 'madura-moderninha'. Voltaram a ficar totalmente escuros e ganharam um repicado e uma franja de 'pseudo-rocker' (ou 'wanna be indie', quando preso num rabo de cavalo com franja e laterais soltas).

Pois é, como se já não bastasse a quantidade de coisas que tem pra decidir em 2010, a publicitária balzaquiana que adora cinema e artes, não vive sem escrever, curte indie rock e eletrônico, odeia salto alto e os fios brancos que não param de aparecer, ainda tem que escolher um novo corte de cabelo.

Para alguns, cabelo é a moldura do rosto. Para ela, talvez, seja só um primeiro passo pra começar a emoldurar a nova vida! \0/

Um FELIZ 2010 para 'cabeleiras' de todos os tipos!


22.12.09

O maníaco do taco na Livraria Cultura



- Oi, Neurótica! Td bom?
- Td e vc?
- Td bem tb. Pode falar?
- Posso, claro!
- É que preciso dividir com alguém: tô até agora impressionado com o lance do cara que levou as tacadas na cabeça.
- É, eu tb...

Uma conversa MSNica, do tipo 'trivial', mas que ficou ecoando na minha cabeça até agora, às duas e tantas da madruga: o que faz uma pessoa se armar de um taco de beisebol e entrar em uma livraria com a intenção de fazer uma vítima? E pior (se é que se pode nivelar uma barbárie desse tipo): vítima escolhida aleatoriamente.

Que o mundo anda de pernas pro ar já há algum tempo, tá todo mundo careca de saber (se você não sabe, é porque não tem tia ou avó que ficam repetindo isso a todo momento). Mas o que me deixa perplexa é esse estado de vulnerabilidade sem controle e do qual temos nos tornado reféns.

Em alguma época da minha vida eu ouvi dos meus pais (assim como dos mais velhos) que era preciso evitar as
zonas de risco: não ir a bairros distantes, evitar lugares tidos como 'perigosos' e com pouco movimento.

Depois, passei a ser advertida sobre as
situações de risco: não volte muito tarde, não saia sozinha, não converse com estranhos, não encare as pessoas na rua.

Na sequência, a controlar o
pânico durante o risco real à vida: não reaja a um assalto, entregue o que ele pedir, saia do carro e não olhe pra trás, sua vida vale mais do que um par de tênis.

Nos últimos tempos, com pessoas matando a troco de nada, fomos treinados a exercer um pacifismo exagerado em prol de evitar o
risco imaginado e, assim, por vezes, não somente damos a cara pra bater, como quase chegamos a agradecer o feito: o cara te fechou no trânsito? Deixa pra lá, ele pode estar armado! Estão te empurrando no metrô lotado? Ok, dê um passinho pro lado e tá tudo certo, "a gente nunca sabe quem é essa gente!". O aluno ameaçou o professor? Sobe logo a nota dele! Vai que ele é amigo de traficante...

Então agora, por favor, ALGUÉM ME EXPLICA que porra de fase é essa em que você sai de casa pra comprar um livro, espairecer, que seja, em bairro nobre, durante o dia, em lugar movimentado, e é gratuitamente atacado por um filho da puta com um taco de beisebol, que tem a intenção de te matar sem nem sequer ter visto a tua cara antes? Que porra de mundo é esse que está além das escolhas sobre onde ir, com quem estar, a que horas voltar, reagir ou fugir? Que porra de mundo é esse que te deixa sem escolha? Que porra de mundo é esse? Porra!!!



(mais sobre o assunto aqui)

4.12.09

O cheiro de baunilha e mais algumas coisas

Hoje (ou ontem?), por volta das 3h30 da madruga, @lucieide, @krolmms e @honorio estavam no Vanilla Café (aquele que fica numa travessa da Rua Augusta e que não vou procurar no Google o endereço certo porque não vai acrescentar nada na história).

Enfim, em meio à discussão de estratégias digitais para alinhamento da nossa campanha de comunicação pro
MASP (sim, meu TCC é sobre o MASP e não me pergunte por que eu nunca falei sobre isso aqui), algumas pérolas.

A primeira, na nossa mesa:

- Eu falei pra Min hoje...
- Olha a viagem! Como ele tá bêbado, "Falei pra mim!", hahahah
- Não, ôu, Min é a chinesa que trabalha comigo!
- ...

A segunda, na mesa ao lado:

- Nada mais gostoso que mulher acordando no dia seguinte, aquele cheiro de baunilha... hummmm...
- Ehhh...
- Mas ela acha que sobreviveu a uma guerra, que tá horrível, daí ela vai pro banho e volta com aquele cheiro de sabonete... Tudo bem que eu gosto, mas pôxa, eu adoro aquele cheiro de baunilha da mulher à noite
.

Pergunta: Oi?

26.11.09

Preciso me apaixonar de novo

É, me apaixonar, somente para ter de volta a inspiração para escrever. Mas assim, não pode ser paixão de qualquer tipo, tamanho ou intensidade. Tem que ser paixão do tipo início, sabe? Aquela com sabor de comecinho encantador, de friozinho na barriga, de riso fácil e bobo.

Aquela da demora pra escolher a roupa e o perfume - que deverá deixar rastro. A que te faz dar bom dia ao sol ou sorrir para os seus pés, mesmo que estejam inconvenientemente molhados pela chuva. Aquela que te impulsiona a falar com estranhos no ônibus, sorrir para o cara que te fechou no trânsito, dizer 'não foi nada' para o ogro que não te pediu desculpas pela cotovelada, alimentar as 'conversas de elevador' do seu prédio.

Tem que ser do tipo que te dá prazer ao acordar e que te deixa o dia inteiro serelepe, saltitante, bem falante. Do tipo onde tudo o que se vê é colorido - ainda que você não seja correspondido.

Sim, quero uma paixão inspiradora, bem de início. Simples assim.

16.11.09

Ingressos duplicados

E daí que mexendo naquela bagunça de registros mal guardados, de ingressos e programações culturais, notas fiscais, cartões postais e comprovantes de Visa-Vale; quando finalmente separei o joio do trigo, foi você que eu encontrei. Sim, você, em meio a tantos ingressos duplicados, a lembrança do seu irônico desdém “Toma, guarda na agenda!”. Sim, você, aquele dos olhos lindos e sorriso perfeito, para os quais eu, toda boba, não me cansava de me entregar. Sim, você mesmo, que levava meus ‘bolos’ durante a semana: a louca escravizada pelo emprego. Sim, você mesmo, que me devolvia ‘bolos’ aos finais de semana, alforriado pela nossa falta de compromisso. Sim, você, que em resposta a um xeque-mate, não soube o que me responder. Você, que ignora minha existência, meu contato, mas por vezes ainda me ‘agracia’ com respostas monossilábicas aos meus emails, com um breve conjunto de frases vazias que findam na tecla 'enter', dando sequência ao raciocínio na linha abaixo, revelando o seu vício involuntário na utilização diária do excel. Você que (re) surgiu do nada e por alguns (muitos) instantes me fez pensar ter a chance de retomar um outro caminho, aquele para o qual, talvez, quem sabe, tivesse sido apontado o nosso primeiro passado, passado aquele que, vejam só, um dia nos levaria a este presente. Sim, você. Ali, no meio da bagunça dos registros mal guardados, de ingressos e programações culturais, notas fiscais, cartões postais. Você. Aquele que foi muito, mas não quis ser mais...

15.11.09

Encucações tepeêmicas

[depois de muito reclamar ao ‘amigo-ouvido-de-penico’ sobre o barulho da família assistindo o jogo enquanto ela tenta, inutilmente, se concentrar na redação dos textos do tcc, a pessoa que vos fala volta a acionar o coitado]:

- Adoooooro quando fico irada! Eu saio atrás de coisas e descubro oportunidades assim:
http://cidadesaopaulo.olx.com.br/alugo-kitnet-nova-mobiliada-bela-vista-proximo-ao-shopping-frei-caneca-iid-13750994
Olha só, 700 contos + mobília! Perfeito!!! Me mudaria hoje!!! Só não tenho o dinheiro...rs... Mas enfim, bom saber que essas coisas existem!

- rsrs... Nossa... Da hora, hein? Mobiliada!

- Pois é, menino! Tem até TV! Tem até ferro de passar!!! Fora que ali é muito bom. Piadas à parte com a 'gay boneca', faz favor, fica perto de tudo e é bem residencial, não tem muito barulho. Quer dizer... a menos que seja em frente À Lôca, rsss... mas acho que não, é perto do Shopping.

- rsrs...

- Mas posso falar? Eu levaria a cama, o tapete e as almofadas. Sério, tenho nojinho de coisas que todo mundo usa... :-/

- uahuahuhah

- Sabe-se Deus o que já rolou nesse bicama, kkkkkkkkkkkkk

- uahuhuauauhu, acho que nem Deus quer saber!

- kkkkkkkkkkkkkkkkkk


[E bora voltar pro lerê-lerê, :( ]

31.10.09

Eu? Gravidinha?

O dia ontem não foi dos mais fáceis. Pudera, ele já começou todo errado!

Ao entrar em um dos vagões do metrô, já com a certeza habitual de que não encontraria assento vago, deixei a mochila em um ombro só e permaneci de pé, braços para o alto, no balaústre.

À minha frente, duas senhoras sentadas no banco cinza. Uma delas sorri pra mim e faz um gesto qualquer,
que entendo como sendo um pedido para segurar a minha mochila. Eu agradeço, sorrindo, dizendo não ser necessário.

Tento voltar aos meus pensamentos quando a percebo de pé, fazendo sinal para que eu me sentasse. "Oh, God! É isso mesmo que eu tô pensando?". Sim, era.

- Não, obrigada!
- Vai, querida, senta!
- Errr... não precisa, imagina!
- Ué, mas você não tá gravidinha?
- ...não!
- Errr.. mas parece!

Começo a procurar um buraco no chão. Ela continua:

- São essas batinhas, né filha, que fazem isso com a gente.

Eu sorrio amarelo.
Ela me pede desculpas, vermelha.
E as pessoas em volta permanecem roxas. De vergonha. Vergonha alheia. E duplamente.

6.10.09

Sonhei no ônibus, de novo!

Ficar cerca de 20 minutos num ponto de ônibus sob um sol de sei lá quantos graus em plena manhã, só pode gerar delírio! (se bem que já foi provado aqui que não preciso de sol no côco pra sonhar dentro de um ônibus...rs)

Mas enfim, em meio aos solavancos (desta vez sentada), sonhei que estava numa mina com uns piratas (!), onde havíamos encontrado um imenso tesouro (?). Enquanto eu ficava abismada com todas aquelas moedas de ouro reluzindo, um dos barbudos pegava uma mecha de cabelo no chão e começava a embrulhá-la cuidadosamente, como se fosse a coisa mais preciosa do mundo!

Eu então, perguntava, em tom de deboche:
- Mas com todas essas moedas aqui, por que é que você tá se preocupando com essa mecha de cabelo?!?!
E ele, euforicamente, me respondia:
- É uma mecha do cabelo do filho da Ivete Sangalo!!!!


[Baladeira saiu da conversa]

2.10.09

Como se livrar da fama de bebum?

Minha irmã (a adolescente), agora há pouco, no telefone:

- Lu, tudo bem? Pode falar?
- Sim, posso.
- Aquela bucha (vegetal, novinha que eu tirei da embalagem hoje!) que tava no banheiro... Foi você quem comprou?
- Sim, fui eu, por quê?
- Então... era nova, né?
- Por que 'era'?
- Ah, desculpa, é porque eu joguei fora...
- Ué, e por quê?
- É normal sair aquelas bolinhas dela?
- Sim, são as sementes!
- Ah, tá... eu pensei que era porque você tinha vomitado...

1.10.09

(continuo tendo problema para escrever títulos...)

Bom dia, geeeenteeeem!
(me sentindo a Xuxa chegando em sua nave e cantando 'Bom dia amiguinhos já estou aqui' com todo aquele #seujeitinho, hahahah).

Bom, há exatos 7 meses do último post, estamos de volta para fazer tudo o que a gente mais gosta: escrever, desabafar, contar, informar, escrever, rir, chorar, indicar, viajar (na maionese), cantar, escrever, comentar, criticar, fofocar, perguntar, se indignar, escrever. Comunicar!

O período (que teria sido o suficiente para uma criança ser concebida e nascer) foi de muita reflexão, de muita auto-avaliação (ainda tem hífen?), muito trabalho na facul (por que me deram ouvidos na hora de escolher o cliente do TCC?) e muito trabalho no trabalho (vida social pra quê?). As lágrimas de outrora (que inspiraram todos aqueles posts cheios de #mimimi) deram lugar a alguns sorrisos bobos e frio na barriga, num "Doce Julho" que teve que acabar (mas eu ainda tô viva!). O importante foi eu ter me permitido viver isso... (tá, ok, não entendeu? Um dia eu conto! rs).

E depois de ensaiar abrir um novo blog, juntar as personagens numa só, "de carne e osso e nome esquisito", a Espiral resolveu nos dar uma nova chance (uebaaaaa!) de continuar aqui, no nosso cantinho, confundindo os desavisados e divertindo o que nos conhecem. E claro, sem obedecer a nenhuma regra de intervalo entre a postagens, hahahahaha.

Enfim, gentem, pra terminar, um trechinho do diálogo ouvido no busão, pela manhã, no banco logo atrás de mim:
- (mulher com voz de mãe) Então menina, na hora que passaram a mão, apertaram assim, na virilha dele, ele começou a rir...
- (a outra, rindo) Ué, e por quê? Ele gostou? (continuou rindo)
- (a suposta mãe continuou) Então, o pai dele deu uma bronca! "Isso, fica dando risada em batida de policial pra você ver o que vai acontecer" e ele "Ah, pai, você quer que eu faça o que se o cara vem com a mão onde eu tenho cócegas?"
(Bom, eu tive que descer. Tirem suas conclusões...rs)
Beijooooosss!!!

29.9.09

Tô voltando!

[Composição: Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós]

Pode ir armando o coreto
E preparando aquele feijão preto
Eu tô voltando
Põe meia dúzia de Brahma pra gelar
Muda a roupa de cama
Eu tô voltando
Leva o chinelo pra sala de jantar

Que é lá mesmo que a mala eu vou largar
Quero te abraçar, pode se perfumar
Porque eu tô voltando
Dá uma geral, faz um bom defumador

Enche a casa de flor
Que eu tô voltando
Pega uma praia, aproveita, tá calor
Vai pegando uma cor
Que eu tô voltando
Faz um cabelo bonito pra eu notar

Que eu só quero mesmo é despentear
Quero te agarrar
Pode se preparar porque eu tô voltando
Põe pra tocar na vitrola aquele som
Estréia uma camisola
Eu tô voltando
Dá folga pra empregada

Manda a criançada pra casa da avó
Que eu tô voltando
Diz que eu só volto amanhã se alguém chamar
Telefone não deixa nem tocar
Quero lá, lá, lá, ia, porque eu tô voltando!


Para os poucos que nos têm em seus feeds, para alguns que vieram pelo Twitter, Orkut ou assinatura do email, para os muitos que aqui caíram em buscas absurdas (ou não) no Google, um aviso: estou, ou melhor, ESTAMOS VOLTANDO!

1.3.09

The End

Fiz algumas coisas interessantes essa semana. Aliás, fiz algumas coisas interessantes esse ano. E diariamente converso comigo mesma, ensaiando textos internamente rascunhados, dialogados na mente no tempo real dos acontecimentos, o que me deixa a um passo da loucura, onde tudo pode virar um texto, tudo pode virar um post, tudo pode virar um roteiro, tudo pode. Tudo.

O que não pode é eu continuar me sentindo nessa obrigação como às vezes me sinto. De assistir a um filme e ter que dar minhas impressões. De ouvir uma conversa na rua e imaginá-la formatada aqui. De descobrir um novo som e querer compartilhar. De transformar tudo o que eu penso ou sinto em uma combinação de palavras que porventura alguém tenha interesse em ler.

Hora de dar um tempo nessa necessidade louca de escrever. Hora de chamar todas essas personagens aí pra uma conversa de verdade e decidir quem é que deve tomar as rédeas. Aliás, hora de fundí-las em uma só. De carne e osso e nome esquisito. Hora de reencontrar aquela Lucieide da qual eu sinto saudades (e que vocês, talvez, nem tenham conhecido...).


[sem previsão de novos posts]

27.2.09

Na Natureza Selvagem (Into the Wild. EUA, 2007.Dir.: Sean Penn. 140min)

Não me lembro ao certo há quanto tempo eu estava com esse DVD em casa. E nem por que demorei tanto para assisti-lo. Havia dias em que prevalecia a falta de tempo. Em outros, era eu querendo ver qualquer comédia romântica que me fizesse rir de mim mesma. E Into the Wild ia ficando lá, assim, em stand by, à espera do dia em que eu estivesse de bem com o mundo e comigo mesma.

Sábado passado foi esse tal dia. Mas acho que ainda não era o momento certo: talvez eu estivesse bem demais pra me deixar envolver pela carga dramática que a história (real!) carrega e que eu fui deixando passar batido.



Não que não seja comovente ver um garoto lindo e rico abandonar sua vidinha burguesa e cercada de hipocrisias e partir em busca do ’seu eu’ lá no Alasca! (se preferir ler uma sinopse decente, clique aqui). Mas o filme em si, a meu ver, não passou de mais um road movie no qual o personagem viaja por cenários incríveis, conhece pessoas idem, aprende algumas coisas com elas e segue seu caminho, solitário, até o fim.

Ok, Into the Wild tem seus méritos, sim, e não posso deixar de recomendá-lo. Como se já não bastasse uma excelente
trilha sonora, a direção e a montagem parecem ter caminhado juntas o tempo todo. Talvez esteja aí a razão da minha aparente indiferença ao drama de Chris: o filme é leve e a história ganha ares de poesia pura. Em alguns momentos me peguei relembrando ‘Beleza Roubada‘, do Bertolucci, onde também há textos e pensamentos sendo transcritos por sobre as imagens, no tempo real da narração. Lindo!

Falando em textos, o filme só foi possível por conta das anotações diárias de Chris. São elas que fazem Into the Wild ser do jeito que é: tão sob a ótica do personagem. Eu sempre digo que escrever transforma a gente em terceira pessoa. O que dizer então quando essa terceira pessoa pertence ao plural, onde estamos nós, milhares de espectadores. Bendito seja quem não se esquece de lápis e papel na bagagem de uma jornada sem previsão de fim!

E bendito seja você que vai ignorar minha eventual falta de sensibilidade (risos) e mergulhar, você mesmo, nessa busca pelo seu ‘eu’. Into the wild é daqueles filmes que, de tão particular, pode te tocar de várias formas, de vários jeitos. Basta querer assisti-lo. Fica a dica!

*(escrito em 26/01/09)

26.2.09

To be continued...

Ok, conforme prometido, aqui estou para a retrospectiva 2008!

Bom, 2008 foi um ano... Ah, quer saber? Não quero falar de 2008. Não quero fazer retrospectiva. Não quero cumprir promessa nenhuma que tenha feito por aqui (aliás, prometam não me deixar prometer mais nada aqui no blog?). Pôxa, eu nunca cumpro! Não que eu espere que vocês ainda estejam aguardando a tal ‘Retrospectiva 2008’ ou os outros 24 (ou 25?) posts restantes da série ’30 anos em 30 dias’. Aliás, não quero que esperem nada.

Porque enquanto eu fico nessas de ‘preciso atualizar isso antes de escrever aquilo’, vou deixando passar um monte de coisas que se rascunham na minha mente de súbito e que se vão com a mesma agilidade. Coisas da idade...Falando em idade, não bastassem os fios brancos na cabeleira, ontem descobri um pêlo branco na sobrancelha!!! OH, MY GOD!!! Se aparecer em outros lugares, podeixá: vocês ficarão sabendo na minha carta deixada antes do suicídio! (rs...)

Falando em suicídio, aluguei alguns filmes nestes dias à toa. Queria falar sobre todos eles de um jeito decente, postando fotenha e tal... Blah!!! Sem promessas, sem nada que emperre o post. Vai ser no ‘pá-pum’ mesmo!

Então, há tempos queria ver Número 23 [The number 23 . EUA, 2007. Dir.: Joel Schumacher], com o Jim Carrey. Bom, é o primeiro filme (leiam bem, o primeiro filme!) em que não o vejo fazer careta ou dar um sorriso caricato. Mas não vou aqui ficar falando da atuação dele e tal. Diria apenas que é um filme bom, na medida pra quem gosta de suspense e de ficar bancando o detetive enquanto assiste (confesso que o final que eu imaginei era muuuuuito mais legal, rs). Ah, e fica a dica (SPOILER): qualquer semelhança com O Operário, Janela Secreta ou Clube da Luta, deve ser coisa da minha cabeça! :-)

Falando em Clube da Luta [Fight Club. EUA, 1999. Dir.: David Fincher. 140 min], confesso que é bem diferente do que eu imaginava, mas ainda assim, interessante. É um filme que, dado o enredo, te deixa pensando sobre um monte de coisas óbvias (a sociedade, o consumismo, os instintos humanos... e blábláblá). O que acaba roubando a cena, ou melhor, algumas delas, são os frames ‘largados’ em algumas sequências: imagens avermelhadas que parecem cortes e/ou interferências, ocupando frações de segundos. Eu já tinha ouvido falar, mas só me lembrei disso quando percebi a primeira. Se for assistir, fique bem atento à cena final e depois me conta (se você já viu, sabe exatamente do que tô falando, não sabe? Hehe...). SPOILERzinho básico: além dos filmes já citados, ele também me lembrou O Sexto Sentido (sabe, quando acaba e você quer assistir de novo só pra prestar atenção nos detalhes desde o começo?). Agora, comentário de menina: nesse filme o Edward Norton tá dando de 10 a 0 no Brad Pitt!!

Por falar em menina, assisti Maus Hábitos [Malos Hábitos. México, 2007. Dir.: Simón Bross. 103 min]. Vi na prateleira e achei que fosse o ótimo 'almodóvariano' e, ainda que não fosse, resolvi arriscar. Jesus! É o tipo do filme ‘didático’, pra apresentar na escola em palestras para adolescentes ou trabalhos de faculdade, sei lá. É meio perturbador ver até onde as pessoas são capazes de ir pela fé ou pela busca do corpo ‘ideal’, além do quanto podem ser capazes de transferir suas angústias para quem não tem nada a ver com seus problemas... Anyway, assista quando estiver morrendo de tédio, preferencialmente numa tarde chuvosa (chuva, aliás, que não deu trégua no set).

Falando em set, vamos para uma ilha grega? Meeeeeeu, o que é aquele filme Mamma Mia!!![Mamma Mia. EUA / Alemanha / Inglaterra, 2008. Dir.: Phyllida Lloyd. 108 minutos] Tá, ok, eu curto ABBA (e Gloria Gaynor e Scissor Sisters e tenho uma alma gay assumidíssima!, rs), mas o filme é lindo: fotografia, luz, direção de arte, figurino (...) e direção de atores. Caracas, todo mundo canta de verdade! (ó
óóbvio que eu ainda assisti a todos os extras a que tinha direito). A Meryl Streep está ótima: consegue emprestar sua ‘veia dramática’ à personagem mesmo tratando-se de um musical ‘leve’, cômico. E falando em drama (papo de meninas) o que é o Pierce Brosnan cantando S.O.S.? Ai, ai... Ok, tirando suspiros e ‘guti-gutices’, o filme me ajudou a entender o porquê de eu não gostar de musicais: é porque não conheço as músicas! Hahahahahah... Sério, odeio (sim, odeeeeeeioooo!!) musicais porque do nada um texto começa a virar música e aquele lance ‘somos todos felizes’ ou ‘eu canto a minha dor’ me irrita profundamente, sei lá por quê. Mas no caso de Mamma Mia, foi o contrário: as músicas que eu já conhecia e curtia e cantava, foram inseridas num ‘contexto de texto’, fazendo-me percebê-las diferentes, inclusive. Por exemplo, nunca tinha prestado muita atenção no quão ‘doída’ The Winner Takes It All é. Tá, confesso, chorei, enfim...

E 'enfim' eu assisti O casamento do meu melhor amigo [My Best Friend's Wedding. EUA, 1997. Dir.: P.J. Hogan. 105 min], com Julia Roberts. Pois é, não deveria dizer, mas é que eu odeio me identificar com personagens de filmes. Principalmente quando elas são patéticas (e elas sempre são). E pior ainda quando trata-se de comédia romântica. E o mais absurdo: quando um filme idiota te dá um ‘tipáf’ na cara mais forte do que os que seu melhor-amigo-do-mundo-inteiro (que também está lá no filme) já te deu. Mas a julgar pelo final, é digno de entrar pra minha lista de romances preferidos, onde já estavam Doce Novembro, Encontros e Desencontros, Closer, Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças... (e tire suas conclusões).

E eu concluo com uma frase ouvida numa dessas noites em que todos estão com suas máscaras e fantasias, mas você opta por ser transparente como o rótulo de uma Heineken: ‘Tudo pode acontecer, inclusive nada’. Talvez vire frase de cabeceira. E falando em cabeceira, tô indo dormir.

Beijo!

31.12.08

Deixei pro ano que vem

Todo ano é igual: deixo pra fechar todas as minhas pendências nos últimos dois dias. Posso dizer que resolvi uns 50% delas, o que me deixa satisfeita, mas não de todo.

Afinal, ainda não devolvi aqueles dois livros que peguei emprestados há alguns anos (!) e que fazem companhia para uns outros dois ganhos e também não lidos. Todos eles lado a lado com DVDs comprados e ainda não assistidos.

Os CDs alheios foram devolvidos. Os meus, organizados. E as roupas para doação, separadas. O mesmo não aconteceu com os sapatos... Mas arrumei gavetas e agendas, embora ainda precise dar um jeito nas coisas da faculdade. Na verdade, me refiro a toda aquela papelada, porque os arquivos virtuais estão de dar orgulho!

Organizei minhas fotos e postei algumas no Orkut. Mas ainda falta ‘democratizar’ disponibilizando tudo num Flickr, Picasa ou afins. E ainda não deu pra digitalizar tantas outras espalhadas em álbuns por toda a parte.

Limpei o que pude da caixa de emails e os indeletáveis foram devidamente distribuídos em pastas, assim como os rascunhos de textos com potencial para virar post. Atualizei o blog e, finalmente, escrevi o texto de estréia para a minha coluna no Trilha (mas já adianto que ainda não consegui postá-lo por lá).

Resolvi pendências em banco e paguei todas as minhas contas. Mas ainda não fiz as contas. Planejei uma viagem de férias na semana que vem, mas não o reveillon que acontece hoje. E ainda não fiz minha unha e não sei o que vestir. Sei com quem estarei, mas não tenho muita idéia de pra onde vou.

E o tradicional ‘post-retrospectiva’ que eu pretendia escrever quando me sentei aqui, acaba de entrar para a lista de pendências do ano que vem...

Que em 2009 você gaste muitas canetas ‘ticando’ todas as suas pendências, sem deixar nada pra depois. E se deixar (e vai deixar!), que você sempre se encontre no meio da sua bagunça.

FELIZ ANO NOVO!!!

30.12.08

Fechando o tal do ciclo vicioso

Numa de nossas últimas conversas ele definiu meu sentimento como ‘doença’, uma vez que esse havia ‘destruído’ a nossa relação e ele sentia que estava me ‘perdendo’. Isso martelou na minha cabeça por algum tempo, até eu chegar à conclusão de que amar não é doença: é vício.

A doença geralmente surge dentro de você e se apossa do seu organismo de forma involuntária. Já o vício, eu diria que é o seu desejo totalmente voluntário de apossar-se daquilo que, relativamente, você não pode (ou não deveria querer) ter.

Quando se está doente, ingere-se remédios, tem-se controle, pode-se chegar à cura. Quando se é viciado, sobra aquele papo de ‘força interior’, ‘só depende de você’, ‘te vira negão’. Doente quer quarto arejado. Viciado se tranca em quarto escuro.

Doente recebe visitas, recebe carinho e tem toda a atenção do mundo! Já o viciado, coitado, haja paciência para continuar ouvindo à sua mesma ladainha...

Uma vez curado, você não deseja ter a doença de volta. Mas uma vez abstinente, você não consegue pensar em outra coisa senão em seu vício.

E daí que eu nunca estive doente. Mas em compensação, me descobri viciada: em inteligência, companhia agradável e risada gostosa. Viciada em ‘brainstorms emeésseênicos’ e pedidos de ajuda fora de hora. Viciada em críticas construtivas e em conversa fiada. Em idas à Fnac para passar o tempo. E em dicas. E em bandas novas. E em insights. Viciada no ombro pra chorar pitangas e despejar crises existenciais. E no resto do corpo pra sair dançando junto onde quer que a música começasse a tocar.

Reconhecer o ‘vício’ talvez seja um passo importante. E vale considerar também que já há algum tempo eu venho me forçando à abstinência. Mas o mais difícil para um viciado é conseguir se livrar dos seus ‘fornecedores’, que no meu caso atendem pelos codinomes Memória, Lembrança e Saudade.

Nos últimos dias, fazendo a habitual faxina de fim de ano em gavetas, armários e arquivos no computador, me deparei com um verdadeiro arsenal oferecido por esses aliciadores: de textos a ilustrações, de fotografias a ingressos de cinema, de emails a CDs. “Artigos de primeira”, dizia o Lembrança. “Nem precisa puxar muito”, ouvi do Memória. “Doses pequenas são o suficiente para causar”, completou o Saudade.

E foi chegando nesse quase ponto de ‘overdose’ que eu decidi: não vou mais desejar ser a
Clementine do Kaufman! Não quero me esquecer da existência da pessoa, uma vez que é o sentimento que me entorpece. Tudo bem que acabamos por nos excluir, gradativamente, da vida um do outro. Mas no fundo, nos sabemos ‘indeletáveis’: a gente sempre é o que é por conta de quem cruzou a nossa trajetória.

Sendo assim, por mais que eu tente me manter ‘limpa’, haverá sempre um encontro onde vão me perguntar dele, haverá sempre a necessidade de citá-lo ao contar uma história ocorrida nos últimos 5 ou 6 anos e haverá sempre a vontade de ligar pra contar sobre algo bacana que me aconteceu. Aliás, haverá sempre uma música pra me fazer lembrar do que quer que seja.

E haverá sempre os aniversários, os natais e as viradas de ano. E com estas, a lembrança de uma conversa sincera, sentados numa escada, finalizada com um abraço apertado e selado pela promessa de uma amizade eterna. Ok. Hora de parar com as drogas. Hora de parar com esse assunto. Hora de fechar o ciclo.

Um FELIZ ANO NOVO pra ele, um FELIZ ANO NOVO pra você. E um 2009 inteirinho pra eu cuidar bem de mim! :-)

29.11.08

"Eu quero é viver em paz..."

Sábado à noite e eu aqui, organizando a caixa de emails. Ou melhor, fingindo organizá-los. Porque a maior parte destas últimas quatro horas e tantos minutos em que estive conectada, não cheguei a ir muito além de reler os emails antigos, nessa minha necessidade absurda de mergulhar em nostalgia à procura dos sentimentos perdidos.

Fuço orkuts alheios, 'scrapo' desejos de felicidades aos aniversariantes do dia, respondo aos recados dos poucos que me visitaram. E os deleto todos, voltando a me ver lá, na página, sozinha, no virtual reflexo da minha realidade: 'Nenhum recado seu' é o que digo aos visitantes, exibindo uma foto elogiada. E permaneço sem nenhuma notícia sua.

Dou uma olhadela nas twittadas dos últimos minutos e me descubro bodeada de tal ferramenta. Abro meu blog e vou aos links, à procura da leitura que irá me distrair por horas, minutos, que seja, desde que por esse mesmo instante de tempo eu possa me esquecer de que você existe. Nessa varredura, faço vista grossa para os nossos projetos abandonados. Resisto, juro que não 'clicko'.

Leio os textos de
Tati Bernardi e penso no quanto ela se expõe! E, como se meu pai pudesse ouvir esse meu monólogo interior, ouço sua voz me repreendendo com piada 'Macaco não vê o rabo mesmo!'. E assim vou eu, de blog em blog, chegando, novamente, em Para Francisco. Me entorpeço destas angústias e sofrimentos alheios e me questiono: vale mesmo à pena ter para depois perder? E eu mesma me respondo: haja dor-de-cotovelo por ter perdido quem você nunca teve, não é mesmo?

Com vergonha de mim, penso em abrir um word. Penso em rascunhar uma carta. Na verdade um cartão, aquele, ainda, que não foi entregue a você em data devida. Penso em eliminar esse 'pop up' que permanece piscando entre a gente e que muito me incomoda. O ano está acabando, meu aniversário está chegando e eu não quero esse tipo de pendência. Ando cansada de lacunas e, digamos, intolerável às reticências.

E eu não te liguei pra contar que fui àquela pré-estréia em que o Scandurra sorriu pra mim. E eu nem te disse que sambei a noite toda fingindo conhecer o que cantava Fabiana Cozza. E você não faz idéia da falta que eu senti da sua risada por lá. E eu nem sei o que fazer com o presente que eu te comprei. E que ainda está aqui. E que me faz ir à caixa de emails à procura de sentimentos perdidos: onde é que foi parar a minha espontaneidade?

27.11.08

Pirataria Humana

(...)

- Então, eu topei com ele na escada hoje.
- E daí?
- Como e daí? Daí que ele é a sua cara! E isso me perturba, muito.
- Ué, eu te avisei... - risos. Mas e aí, o que tem de mais nisso?
- Ah, sei lá, é meio bizarro: ele é a sua cara, só que ele é feio!
- ...

(...)

(DE CONTA, Faz. "Conversas Internas". São Paulo: Editora Saudade, 2008. pág.2)


23.11.08

Cissa Guimarães diz: 'Direto, do túnel, do tempo"

Poesia é o que eu queria escrever

Mas me falta inspiração, me falta você.
Me falta o amor que sempre esteve em falta,
de tanta falta que sempre senti de você.

Me falta aquela angústia, ardida no peito,
por não ver jeito de te esquecer.
Me falta a falta de ar que já não sinto,
me falta a incerteza de não saber se minto,
ao dizer que já não amo você.

Me falta a falta que você me faz,
me falta a dor que a tua indiferença traz.
Mas poesia é o que eu queria escrever.


(Encontrado em meio às agendas da década de 90. Eu devia ter uns 15 anos. Sem comentários.)

20.11.08

Enquanto isso, numa rodada de sinuca...

Ele (risos): Ah, já que é assim, também quero ser café-com-leite.
Ela (ofendida): Ei, eu não sou café-com-leite!

E o taco 'flupt!', não encontra a bola branca.
E a bola branca faz a volta olímpica na mesa sem tocar em nenhuma outra.
E a bola branca encaçapa a bola 1.

Ela: Tá bom, vai. Mas me chama de capuccino que é mais chique.

12.11.08

30ANOS-EM-30DIAS [4]: Uma coisa puxa a outra e outra...

(Só um parêntese: onde é que eu tava com a cabeça quando me lancei a esta idéia de escrever um post por dia até o meu aniversário?!?!?! Cara, que coisa chata! Ok, é uma delícia ficar puxando pela memória e ver fatos e 'epsódios' saltando à mente e trazendo sensações diversas! Mas transformar essas sensações em texto, quando vira obrigação, também vira um porre! Acho que vou deixar a tepeêmica escrever o resto dos posts...rs)

Aos quatro anos de idade eu era leitora de gibis, irmã coruja e odiava faz-de-conta.

Minha mãe conta que certa vez (nossa, acabo de me dar conta de que tenho mais memória das histórias contadas pela minha mãe do que dos fatos em si, rs) ela precisava ir ao açougue, a cerca de um quarteirão dali. Como minha irmã dormia, ela resolveu me deixar 'tomando conta' da Lu (eita irresponsabilidade!) e foi até lá fazer o que não levaria mais do que 10 ou 15 minutos. Mas o tempo fechou e um toró caiu sobre a cidade, repentinamente, com direito a raios e trovões, obrigando-a a voltar de lá
correndo, em meio à tempestade, enquanto, arrependida, pensava "Meu Deus, a Cieide deve estar desesperada!".

Ao chegar em casa, encharcada e ofegante, correu pro quarto e a cena que encontrou foi a de uma garotinha debruçada sobre um bebê de pouco mais de 1 ano, que sequer chorava, porque tinha seus olhos atentos para a historinha que a irmã mais velha lhe contava, protegendo-a do som dos trovões.

(...)

Era o meu pai quem me trazia os gibis. Turma da Mônica, preferencialmente (provavelmente porque eram os preferidos da minha mãe). Só que eu os lia de uma maneira muito particular, na vertical, o que provavelmente tirava o sentido de muitas das histórias que eu já havia lido. Mas numa dessas vezes a coisa deve ter ficado muito surreal, a ponto de eu ir até a minha mãe e admitir: "Não entendi essa história! Explica pra mim?". E como é conversando que a gente se entende, devo ter dito a ela como havia lido e neste dia aprendi que a leitura se dava na horizontal. Pobrezinha...

(...)

Quando não estava lendo, estava desenhando ou montando quebra-cabeças. Sim, fui uma criança estranha. Mesmo sem usar óculos, eu devia ter uma puta cara de nerd.

Não era muito de brincar de 'faz-de-conta'. Não gostava de fazer comidinha 'de mentirinha'. Pra mim as coisas tinham que ser reais. Nada de fingir tomar café naquelas xicarazinhas de plástico: eu enchia a paciência da minha mãe até que ela enchesse as xícaras com coca-cola!

(...)

Também foi nessa época que meu 'gosto peculiar' para me vestir começou a ficar aguçado. Então, todas as vezes em que saíamos para comprar roupas, era uma tortura para minha mãe.

Eu não queria os vestidos, nem os babados. E enquanto ela queria que eu comprasse uma jardineira 'meiga', eu quis a saia jeans com detalhes em couro vermelho. Enquanto ela queria que eu comprasse o conjunto com saia rodada, eu quis o de bermuda lá no meio da canela. Não que eu fizesse o estilo 'menino': eu só não queria era usar aqueles frufrus estilo 'boneca' que ela insistia em querer que eu fosse.

No casamento da prima dela, comprou-me um macacão azul marinho lindo! (exclamação que só faz sentido hoje), mas que eu simplesmente o-di-a-va. Ele tinha um monte de babados e laços, não era o tipo de roupa 'prática' que eu curtia usar. Mas enfim, naquele dia, ou eu o vestia, ou levaria uma surra. Porque ao casamento, teria que ir de qualquer jeito.

Infelizmente não temos essas fotos, que constam apenas do álbum da minha tia, mas em todas elas apareço emburrada, o que, aliás, não era nenhuma novidade: eu também odiava tirar fotos!
(Naquela foto com meu pai, por exemplo, eu havia 'fugido' enquanto ele chamava o fotógrafo. Então corri pro lugar errado, me vendo encurralada bem ali, diante da fonte da Praça da Sé. Ele então se aproveitou desse momento, o que justifica minha cara de choro).

Nossa, me lembrei de outra coisa: neste mesmo casamento, eu tava com meus dentes da frente 'amolecidos' porque no dia anterior, meu tio (aquele irmão mais novo do meu pai, citado no
post 1) havia me assustado colocando uma máscara de diabo (fantasia que ele usaria no Carnaval), pegando-me de surpresa e fazendo-me cair de boca nos degraus que levavam ao quarto. Cretino!

(...)

Embora não me lembre, sei que foi nessa época que fiz minha primeira viagem 'interestadual' (fomos ao Ceará). No entanto, isso me faz lembrar de outra viagem: uma excursão para São Roque, na qual acordamos por volta das 4hs da manhã para pegar o ônibus. E eu, mesmo sonolenta, carregava uma interrogação na testa: como era possível a gente ter dormido, mas acordado ainda 'de noite'?!?!?

Tenho uma vaga lembrança de barracas com garrafas penduradas por todos os lugares (ah, se fosse hoje! rs), além de ter voltado para casa com um carrinho de bonecas feito de palha. Lindo!

(...)

Se não me engano, também foi nesse ano que o Gugu estreiou seu 'Viva a Noite!' (Viva! Viva! Viva!) e também que surgiram os meninos do Menudo, e...

Ah, mas vou deixar isso pro outro post, ok? =)

11.11.08

30ANOS-EM-30DIAS [3]: Necessidade de aprender

Quando penso nos meus três anos de idade nada me marca mais do que o fato de ter aprendido a ler e a escrever neste período.

Não me lembro ao certo de como tudo começou, se por iniciativa minha ou da minha mãe. Mas consigo me lembrar perfeitamente de uma tarde de sol em que estávamos na casa da minha avó, quando fui até minha mãe, munida de caderno e lápis:

- Mãe, me ensina a ler de novo?
- Mas você já sabe ler! Não tem como aprender de novo...
- Mesmo assim, me ensina?

Na verdade o que eu queria era sentir, mais uma vez, a intensidade daquela sensação de descoberta do novo, do sentir-se capaz de algo que enche o peito de orgulho.

Sabendo que de nada adiantaria insistir no contrário, minha mãe começou a me 'ensinar' novamente a juntar as letras: "b+a igual a...", "l+a igual a..." e eu completando "ba", "la", sem fazer esforço. Foi então que percebi que aquilo não tinha mais graça. De fato, não havia como eu aprender o que eu já sabia.

Então, peguei meu caderninho e fui lá pra fora, desenhar. Frustrada.

10.11.08

30ANOS-EM-30DIAS [2]: Perdi meu reinado!

Minha primeira festa de aniversário aconteceu para comemorar meus dois anos de idade porque, segundo minha mãe, eu 'já entendia'.

As fotos daquele dia exibem uma Lucieide de cabelos 'quase loiros' e encaracolados, dançando animadamente o
hit do momento: dá-lhe Gretchen nas paradas de sucesso!

Diz minha mãe que nessa época eu passava as tardes cantarolando (ou ao menos tentando cantar) uma música da Nikka Costa, '
On my Own'. Só não entendo como, fazendo isso aos dois anos, meu inglês de hoje ainda não é fluente. Anyway...

E eu não só 'falava' outra língua, como também era muito linguaruda: cheguei a difamar uma vizinha que se esqueceu de trancar a porta enquanto curtia um love com o namorado, na ausência da mãe dela. Corri com olhos arregalados para onde estavam minha mãe e outras mulheres: "Ô mããããe, eu vi o fulano pegando na bunda da ciclana!". E, como todos sabem, pro azar da 'ciclana', criança não mente...rs.

Eu era a única criança da vila onde morávamos e, portanto, não me faltavam paparicos e mimos. Mas isso até a Dona Cegonha resolver dar o ar da graça bem no meu pedaço, engravidando praticamente todas as mulheres daquela vizinhança, incluindo minha mãe.

Quando a primeira das vizinhas deu à luz, fiquei doente. Eu não tinha mais o livre acesso à sua casa, nem ao seu colo e, principalmente, à sua atenção. E o mesmo ocorrera com as outras vizinhas, deixando-me cada vez mais próxima da minha mãe e do novo ser que se aproximava - e que, não sei se por convicção ou por desejo de ambos, meus pais passaram a chamar de 'Juninho', levando-me a crer que eu teria um irmão.

Minhas primeiras memórias começam daí. Lembro um pouco do barrigão da minha mãe e também do dia em que tiramos uma foto (que postarei quando digitalizá-la), onde ela está usando um chapéu que era do meu tio e meu pai tá com muita cara de sono porque, de fato, acabara de acordar. Era domingo (sei disso porque depois a gente foi pra casa da minha avó e a gente só ia almoçar lá aos domingos, rs). Deviam ser umas 10hs ou 11hs da manhã quando minha mãe acordou a gente "O fotógrafo chegou!".

Disso eu não me lembro, mas minha mãe diz que no sábado, 05 de dezembro, havia limpado a casa inteira porque no domingo teria um 'bolinho' em comemoração aos meus três anos, só para os íntimos. Mas no domingo, durante o almoço, ela começou a sentir as contrações...

Das lembranças tulmultuadas desse dia, sei que alguém me disse que eu ficaria uns dois dias sem ver minha mãe - não tínhamos plano de saúde e, portanto, nada de quarto particular para receber quantas visitas desejasse, e muito menos menores de idade. Meu pai, então, me levou pra passear
pelo centro da cidade, me comprou uma boneca cabeluda (cabelos na cintura!) e fomos pra casa. Se não me engano, minha avó ficou lá com a gente.

Eu não conseguia dormir e nem comer. Muito mal acostumada, eu só comia o tal mingau feito pela minha mãe e que ninguém sabia fazer igual. Mesmo quando ela voltou pra casa e quiseram me enganar "Foi sua mãe quem fez!", eu sabia reconhecer, pelo cheiro, que ela sequer tinha chegado perto daquela goroba que me ofereciam. Panelas e panelas jogadas fora, até que a coitada se levantou, temendo que eu ficasse doente e, numa espécie de tira-teima, fez o tal mingau às escondidas. E eu soube, na hora, que havia sido feito por ela!

O pior de tudo foi a decepção: me prometeram um Juninho e me trouxeram uma... Luciana! Lembro (sim, eu me lembro!) de ir até o berço e ver aquele bebê cor-de-rosa: uma menina, argh! Minha mãe diz que eu não queria dar o braço a torcer, e que às vezes me via sozinha, no quarto, brincando com a Lu, mexendo em suas mãozinhas pelas grades do berço. Mas que, ao perceber-me sendo observada, soltava-a rapidinho e voltava a fazer minha cara de má, às vezes seguida da frase "Mãe, eu não gosto dessa menina!".

Ela conta também que certo dia, após mais um daqueles longos dias de visitas ao bebê, que não parava de ganhar presentes e 'guti-gutis', eu a chamei de canto e perguntei, com cara de choro: "Mãe, ninguém mais vai gostar de mim, só dessa menina?".

Queria poder ter imagens em vídeo dessa 'Lucieidinha' que começava a contestar as 'injustiças' do mundo...rs.

9.11.08

30ANOS-EM-30DIAS [1]: Só me lembro das fotos

Pra ser sincera, não faço muita idéia do que tenha sido meu segundo ano de vida. Isso me deu vontade de ligar pra minha mãe, acordá-la e perguntar sobre (o que seria delicioso, não fossem agora 1h47 da madruga).

Puxando pela memória, lembrei-me de duas fotografias, as quais, se eu achar - desde que as procure, naturalmente - prometo digitalizar (já que não sei se escrevo 'scannear' ou 'escanear').

Na primeira estou no colo da minha avó paterna, usando uma touca azul marinho e um macacão bege (se não me engano, b
oca-de-sino). Meu tio, o irmão mais novo do meu pai, está ao nosso lado. Eu estou séria, com um bico que até hoje é tipicamente meu. Mas a julgar pelo fato de que uma criança com um ano de idade não sofre de TPM, basta observar a foto com mais atenção e é possível notar algo em uma das minhas mãos: eu estava comendo uma banana! rs...

Na segunda foto (pela qual eu tenho muito carinho), estou no colo do meu pai, que me segura com um braço e, com o outro, abraça minha mãe. Ela tem os seus cabelos negros-compridos-lisos dividos em duas partes, jogadas por sobre seus ombros: uma índia! Meu pai, que ainda não tinha barriga, usava uma camisa 'verde abacate'. Eu, de calcinha laranja com bolinhas brancas (acho), seguro uma boneca também laranja e, na verdade, pareço muito inquieta: a foto tem o meu movimento.

E foi assim que adentrei a década de oitenta. E é assim que esse post totalmente sem graça chega ao fim.